Não existir como coisa verbal ou perífrase atreita a cliques. Antes fazer-se pessoa de feição espirituosa que da História reteve fracas memórias e delas extrai, por feitio ou vocação, o que não encontrou lugares nem templos. Recortar da lapela uma pregadeira de metais deserdados a brilhar no atrito. Levar ucronia a todos os cantos da casa como se nela carregasse a cruz velha até ao móvel de sete livros desordenados por ler. Auscultar o corvo no jardim seco, sempre o mesmo, mais preto azulado que a asa da caixinha sonora com que te alimentavas encardida como pão bolorento, como a guerra e a fome. Abrir um livro debaixo do armário de facas por afiar no esmeril do amolador serrano que já ruiu. E, de pé, à lupa, olhar cada lombada carunchosa em virtude das geadas enquanto se espera encontrar, ali, qualquer contratempo que suspenderá a vida.
pegada digital transitória -- alguns fragmentos de escritos ora já publicados ora no prelo, de Soraia Simões de Andrade