Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2023

Fragmentos

Polígrafo contemporâneo Este fascinou-se pelo colonialismo tuga. Nós fascinamo-nos, na boinha, pela açorda de Serpa. Um verdadeiro investigador, um verdadeiro autor, decerto, publicará numa verdadeira editora e ganhará, claro, uma verdadeira distinção depois de ser entrevistado num verdadeiro jornal por um verdadeiro jornalista. Toda a gente que pense um pouco sabe; hoje os verdadeiros autores são as máquinas da verdade verdadeira, publicados serão por verdadeiros editores com críticas nos verdadeiros jornais e apresentações nos verdadeiros estaminé cóólturais. Vamos ver quem é mais verdadeiro neste Polígrafo.

Fragmentos

Há dois mil e quinhentos anos, Platão dizia que não podia haver conhecimento sem sabermos o que é o conhecimento. Até hoje ninguém sabe o que é, mas conhecer não será com certeza uma compilação de dados e uma arrumação por tipologias. Somos aquilo que conhecemos, é um problema ontológico: é-se tudo aquilo que se sabe. Em Cultura e Imperialismo , Edward Said afirmou que o sentido histórico tem tanto do intemporal quanto de temporal; é do intemporal e do temporal juntos que emerge um autor com vidas múltiplas, como múltiplas, também por isso, são as suas afinidades. Nenhum artista, de qualquer arte, tem pleno significado sozinho. Para Cioran, a indignação era mesmo a mola da inspiração ( Cadernos AH! ); Guy Debord dizia que em Portugal vigorava uma esquerda de esturjão, só lá estava para servir de resguardo da burguesia e evitar a revolução. A esquerda parlamentar seria assim o braço esquerdo do capital. Num dos diálogos de Sem Tecto, Entre Ruínas é afirmado que a liberdade serve o capi

Fragmentos

Marguerite Duras, ao pé da  Marguerite Yourcenar, que escreveu de modo desassombrado a sexualidade, e sobre tudo: o amor livre, o feminismo, a orientação; era uma colegial; dura, homofóbica. Como, de resto, o filme de Claire Simon (em Lisboa está no Cinema Ideal e aconselha-se) veio reforçar. No entanto, há dois livros de Duras que marcam a minha juventude, um deles, L'Amant. Apodrecer no armário teve, não tem sempre?, efeitos concretos na vida como na arte. Yourcenar era uma escritora enorme. Expande-nos, fora das quadrículas e teomitias. Libertemo-nos do mofo, que o medo da inversão sexual só se for em Radclyffe Hall ou Pessoa [iniciático] que era muitos e, também por isso, singular. Quem é que tem paciência para ler Duras mais depois de ler Yourcenar e Proust?, indaga um amigo.  À medida que envelhecemos, depois de ler tanta livrada, diversa, voltar a eles, mas em especial a ela, mais que desejado. Ambos queer , ambos sem filtros sobre a sexualidade, muito antes da capitalizaç