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Fragmentos

  O Imenso Comércio do Nada A europa e seus fantasmas de dominação Weidendammer Brücke, Berlin-Mitte, 2025 A pior mentira é a mentira da candura, da paz, do bom senso do parlamentar ocidental. Já mentimos tanto, já omitimos tantas coisas, que podemos começar a experimentar a honestidade a ver se ela nos cura.  É possível que dentro de poucos anos comecemos a renunciar ao pensamento dimanado da paixão e do desejo, da sinceridade connosco, a temer a angústia, a desenvolver cada vez mais conhecimentos que aproximam o mundo idealizado do que cremos ser o real, a moralizar os pederastas silenciosos numa manifestação ao fim-de-semana que silenciosos ficam como resposta ao chinfrim bélico do mundo. Afinal, a nossa principal característica é ter memória curta e aliviar episodicamente a boa consciência burguesa com acções para ficar tudo na mesma, menos a percepção que outros de nós terão. O drama histórico dos massacres e das limpezas étnicas – Bósnia e Kosovo, Sudão, Ruanda, Congo, S...

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EP3 - Do movimento desnomeado às Bastardas da revisitação punk pós-feminista Para ouvir podem subscrever o Intempérie no SoundCloud ou no Spotify Um episódio em que convocamos para a conversa certas ideias para uma nova tradição. Passamos por Arthur Rimbaud, Peter Sloterdijk, Elizabeth Grosz, Virgine Despentes, Paul B Precíado, Camille Paglia, bell hooks e, demoramo-nos nas intervenções textuais-sonoras de María Galindo... GaLINDA ; sobretudo a mais recente publicação, pela mão de uma pequena editora portuguesa (Barricada de Livros), de Feminismo Bastardo . Tem isto a ver com o quê? Ouvindo pode ser que nos consigam explicar. Conversas anartísticas e profundamente comprometidas com os estados dos espíritos ou Um espaço de crítica livre sobre os infortúnios da história cultural e das artes com Elagabal Aurelius Keiser e Soraia Simões de Andrade com indicativo sonoro de Xana (Imagem do podcast sob Agathos Daimon, pintura de Elagabal Aurelius Keiser). Para quem nos quiser continuar a en...

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 Bem-vinda ao passado Como qualquer pessoa ligada, apaixonada, à/pela música, também já achei que havia canções feitas para aqui...Esta é uma delas, seria apenas mudar o género, Já morri a morte certa Já senti a fome, aperta a dor Já bati à porta incerta Viajei de caixa aberta, a dor Pecado, fundido, queimado Já desci lá em baixo ao fundo Já falei com outro mundo e então Já passei o limbo limpo Já subi ao purgatório e vou Zangada, bem-vinda ao passado Pecado, arrependido, queimado Zangada, bem-vinda ao passado Pecado, fundido e queimado Zangada, bem-vinda ao passado Pecado, arrependido, queimado

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Fascismos, Micro-fascismos e Patriarcado, breve comentário em jeito de m...andamento vídeo do Nalafeco      Antes de espelhares o teu gesto patriarcal num proto-manifesto de rede social que tem como pretensão [micro-fascista]** ensinar alguém a ler o seu próprio corpo e o dos outros face ao seu, que grau deverão ter as suas lentes, e os lidos pelas suas lentes, talvez te deva ter escapado que nessa Poética relacional do Diverso já mergulharam as que já reconheceram, vivem, o  alhures , as que desprezam o materno pelas violências-domésticas quase-morte, inimagináveis, infligidas ao seu corpo, as que já desceram a triplos infernos e à rua foram dar semanas inteiras acocoradas de frio mas sem ele nos olhos. Talvez te tenha escapado que pelo que está escrito passam a marcha para diante e o retrocesso, tudo no mesmo tempo e com cadências múltiplas; passam as leituras de cada corpo visível que foi obrigado a ler muitos mundos antes de saber ler m u n d o, assim, silábico. ...

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Avançava e chicoteava o vento só com a planta de um pé, era, portanto, a antitipa de todas as atletas amadoras mas punha a maior ênfase em tudo o que fazia... Lisboa - Berlim, 2025 Lagoa do Fogo, 2016 A modela nesta passagem quase desaparecia com borracha pelicano. Tinha atrás do caderno onde colou esta uma prosa curta que, apagada, se iria, de qualquer maneira, revelar na textura do que escreveu. Só que a experiência era dada numa frase insegura, não fazia jus à fulgurante lagoa e, por isso, permaneceu inacabada, as suas intenções reuniram-se pouco a pouco numa das culturas a que se ligou noutra viagem com a qual hoje se projecta no sítio que iria dominá-la; não fosse ela capaz de o superar para, de seguida, dominá-lo e a todos os seus fantasmas de dominação. Na terceira pessoa narram-se pequenas e grandes passagens e pontapés no ar, não precisamos todos de ser o Ronaldo ou a Mónica Jorge para tal...

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  EP2 - Fascismos, micro-fascismos, poéticas da diversidade #2 Para ouvir, subscrever  Spotify   ou  Soundcloud #2 Neste episódio rondamos os temas do crescimento da extrema direita num mundo em que as cenouras, cada vez mais escassas, parecem estar a deixar de substituir os chicotes. Falamos de micro e macro fascismo, de extrema direita, extremo centrão e extrema esquerda, como faces da hiperrealidade política que dissimula a política real: controle digital cada vez mais apertado, miséria quotidiana, novas formas de contornar a liberdade de expressão, consensualidade compulsiva, interiorização da culpa, feudalismo digital e a impostura da arte contemporânea. E propomos alguma bibliografia para delinear estes temas: Sigmund Freud - Psicologia de Grupo e a Análise do Ego ; Wilhelm Reich - Psicologia de Massas do Fascismo; Jean Baudrillard - Simulacros e Simulação; Félix Guattari - «Todos querem ser fascistas»; Édouard Glissant - Poética da Relação; Introdução a uma Po...

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  CAMILLE anotações por Berlim-Mitte O Abandono Uma, de outras, escultura de Camille Claudel [CC] no Alte National Galerie, Mitte, ilha dos Museus,  no edifício  que se assemelha a um templo grego. Já a admirava muitíssimo por telas travessas, as do cinema  pois, claro. Interpretada pela Isabelle Adjani, depois pela Juliette Binoche.  Diagnosticada como psicótica,  tendendo para as noias numa altura em que não contávamos com os benditos medicamentos  que hoje, em condições de saúde próximas, podemos tomar.  Irmã de Paul Claudel. Tenho amigos que  dizem ser um poeta en...cantador; mas não ressoam aqui  os escritos dele, lamento. Já a irmã, considero-a bastante mais talentosa que Auguste Rodin.  Há até quem me tenha convencido, por a mais b e c — estudiosos e escultores —, que as mãos   e os rostos de Rodin eram, afinal, de Camille Claudel, o senhor apenas os modelava.  Quanto ao mano-de-sangue-poeta, deixou-a apodrece...