Esta mulher foi condenada pela ordem dos deuses e iluminados sociais. Carregou, e deixou rolar, uma gigante rocha até ao cimo da colina, para deixar que ela descesse furiosa quando atingisse o pico. Tal como na Luta de Sísifo, esta mitologia fez parte da sua condição humana, mas tão mais reforçada, e absurda, quanto a animal que a carregou. A sociedade não lhe ofereceu auxílio que prestasse, sequer nenhum Deus, a existir deuses. Pôde ser amaldiçoada com a consciência de que estava sozinha no mundo, por muita gente que conhecesse pelo mundo, e resistia ao mais implacável, ou desonesto, dos combates. Havia nela força e vulnerabilidade, agora poderá a sua normal condição humana institucionalizar-se. E, como todas as instituições que verdadeiramente o forem, terá as suas instâncias de legitimação, selos, bandeirolas, superficialidades, influenciadores que da banalidade da sua condição humana se apropriarão como se esta fosse a mais bela das existências, enquanto esta definhou so...
pegada digital transitória; alguns fragmentos de escritos ora já publicados ora no prelo, de Soraia Simões de Andrade