Da Paris pueril de sessenta à chanson française; das pensões espanholas às voluptuosas, excêntricas, Montmartre e Montparnasse; dos modelos ideológicos trotskistas nas assembleias de rua aos anarquistas, ou aos libertários, sem esquecer, que seria, os maoístas – todos utópicos, ingénuos, radicais, charmosos, jovens inquietos –, da veneração a Pier L. Pasolini, ao culto a Brel, a Ferré, a Aznavour, de Bardot a Birkin. O caldo diverso e a agitação sociocultural de uma geração que, recuperando as mitologias de Proudhon e da comuna de 1848, acendeu o rastilho da pluralidade, da convergência, esfuziou certeira entre muitos: manifesto, contestação, Maio de 68...
Mouloudji, o cantor, sintetizou muito bem a imagética que aqui trago, e hoje nos parece tão distante, tão impraticável, em Autoportrait cuja tradução, uma parte dela, aqui deixo: «Católico por parte da minha mãe/Muçulmano por parte do meu pai/Judeu pelo meu filho/Budista por princípio/Alcoólico por parte do meu tio/Neurótico pela minha avó/Sem classe pela minha habitual modéstia/Depravado pelo meu avô/E ateu, ó graças a Deus».
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