Esta mulher foi condenada pela ordem dos deuses e iluminados sociais.
Carregou, e deixou rolar, uma gigante rocha até ao cimo da colina, para deixar que ela descesse furiosa quando atingisse o pico.
Tal como na Luta de Sísifo, esta mitologia fez parte da sua condição humana, mas tão mais reforçada, e absurda, quanto a animal que a carregou.
A sociedade não lhe ofereceu auxílio que prestasse, sequer nenhum Deus, a existir deuses.
A sociedade não lhe ofereceu auxílio que prestasse, sequer nenhum Deus, a existir deuses.
Pôde ser amaldiçoada com a consciência de que estava sozinha no mundo, por muita gente que conhecesse pelo mundo, e resistia ao mais implacável, ou desonesto, dos combates.
Havia nela força e vulnerabilidade, agora poderá a sua normal condição humana institucionalizar-se. E, como todas as instituições que verdadeiramente o forem, terá as suas instâncias de legitimação, selos, bandeirolas, superficialidades, influenciadores que da banalidade da sua condição humana se apropriarão como se esta fosse a mais bela das existências, enquanto esta definhou soterrada na banalidade da sua sobrevivência.
Até amanhã.
Fragmento de escrito num caderninho em 1999 durante um internamento hospitalar
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