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A mostrar mensagens de julho, 2024

Fragmentos

O Imenso Comércio do Nada XXV Tratados sonoros do Vão Combate  “Peguem nas vossas cadeiras e nos vossos copos de chá, sem esquecerem o rum, e cheguem-se aqui para junto do fogão de sala. É bom estar confortavelmente aquecido, quando se fala do frio”.  Assim principia um dos contos de Bertold Brecht coligido em Kalendrgeschichgten , ao arrepio das interpretações do âmbito moral religioso parece gritar algo quase esquecido: na grande orquestra da vida precisamos uns dos outros como uma música depende de um ouvido humano para a escutar.  Brecht embrulha de presente um ‘simples’ conto natalino para outros sem lar nessa noite mas o que talvez não previsse é que o pequeno texto pudesse continuar a criar um laço com  leitoras e ouvintes vida fora, aquelas cujas vidas levaram a que tivessem de reinventar a noção de família desembrulhando no último mês do ano reminiscências de aversão pelos Natais violentos. Ao desprender os cordéis que atam presentes não desejados, sem necessidade de invocar

Fragmentos

O Imenso Comércio do Nada XXIV Viver os instantes: o que fica do que foi?      Talvez muita gente considere que na nossa aldeia global todas podem ser historiadoras e filósofas, e que a história e a filosofia são desprovidas de entusiasmo e sagacidade numa época de atenção abreviada. Tentamos mostrar que não é bem assim. Que estas disciplinas são uma força vital e comunicam entre si, que algumas das melhores fontes para encontrar indagações e pensamentos filosóficos densos e dimensões históricas que nos explicam enquanto sociedade são os discos e  as conversas com compositoras.       Os substantivos femininos ficção e realidade são o pentagrama ideal para discutir provocações e problemas que intrigam as comunidades artísticas e a sociedade, como sejam a condição da mulher compositora (as suas aspirações, conquistas, dificuldades), o querer, o poder e a vontade, o eterno retorno de todas as coisas na arte e na história, a transmutação de valores da tradição e a utopia desejada. Se lhes

Fragmentos

  Os Sons Decidem por onde ir (Hans Otte)      Toda a linguagem pode ser nociva, mesmo a que eventualmente achamos que não; exactamente por não nos ser possível viver a vida de outros, as apreensões de outros, o corpo de outros, o que palavras vãs a mais provocam nos outros. Achar que as expressões verbais não carregam todas juízos, todas... sem excepção, é estar à parte do mundo senciente, donde da arte, donde da vida. Se estamos dentro da nossa vida (das nossas constelações) não é possível estar dentro a avaliá-la; se assim fosse, como o mundo é infinito e o nosso cérebro não o consegue cobrir na totalidade, todas as ideias, todos os estímulos, andaríamos sempre frustrados. O monólogo como forma "importantíssima" de crítica num mundo de estímulos e contrastes é o álibi perfeito de sociedades pândegas serventes a quem custa encarar o grande simulacro da sua concepção de inactualidade cultural.      Em 1885, Friedrich Nietzsche p