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Fragmentos

 EPISÓDIO 4 - POPOL BUG


Salvar as Estruturas Humanas





Conversas anartísticas sem guião pontuadas por histórias e músicas entre dois autores melómanos; às quais se juntam, algumas vezes, outros autores melómanos indiferentemente da disciplina artística em que laboram.

Numa altura em que o humano se vai perdendo vagarosamente, ‘mas não é a cor que desmaia’ como escreveu Osvaldo Alcântara, pseudónimo poético de Baltazar Lopes da Silva; as cicatrizes da vida, o deboche e as religiosidades, as histórias do esclavagismo, da febre amarela, e das doenças venéreas estão neste episódio lado-a-lado com um corpo musical de raízes densas em crioulo, tão fortes que se afirma hoje parecendo ter um futuro auspicioso tendo em consideração o número de ouvintes; daí passamos para a Grande Depressão económica norte-americana e a prodigiosa Memphis Minnie que emerge como se de uma ‘pandemia ianque’, o rock’n’roll, se tratasse na União Soviética; ainda visitamos um planeta bastante colorido, satírico, e electrónico com nome de mulher que temos pena de não ‘ouver’ num filme do Almodóvar, pelo kitsch, pelas fantasias, por livros que lemos ou andamos a ler e pela grande música do improviso, becos com e sem saída.
Não por força desta realidade, mas também não necessariamente pela abstração dela, a interlocutora adverte que chamou ao Francis Black: Black Francis, mas isso é porque ainda não se compôs, estes anos todos, por ele não ter valorizado a grande Kim Deal em Pixies. Para sermos honestos, estava dopada por causa da gripe e o companheiro de faladura, qual quadrilheira de companhia, também estava dopado e não fez o favor de a corrigir.
Para saber mais sobre o que se fala e escuta é picar para ouvir.

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