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A mostrar mensagens de abril, 2024

Fragmentos

  EPISÓDIO 6 - POPOL BUG  O que pode o jornalismo cultural? Conversas anartísticas sem guião  com Bruno Peixe Dias, Soraia Simões de Andrade e Vitor Belanciano Ouvir aqui      Como reanimado no episódio anterior pela moça escrevente deste podcast, escorrendo diante de quem nos ouve tautologias nietzschianas que há muito a acompanham; se há, porventura, uma verdade mais líquida que as outras, a de que a vontade sustém uma orientação para o poder, parece ainda evidente.  Prefigura-se na imagem ora eidética do universo artístico ora como uma captura momentânea de um pequeno lago transparente à procura de não se afundar nas massas pouco líquidas que cercam o fundo dos mares mais poluídos. O paroquialismo da  televisão nos anos do fascismo, uma certa vertente pedagógico-propagandística da caixinha qualificada de 'mágica', fabricante das ilusões e soluções para quem a assistiu desde o primeiro momento e acompanhou a sua  transição: dos jogos espelhados de uma cultura a preto-branco

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EPISÓDIO 5 - POPOL BUG As contradições da criação, nós e os outros, nós nos outros Ouvir aqui      Não para assinalar a efeméride e o seu quinquagésimo aniversário, já que procuramos cumpri-la, apesar de todas as dificuldades sociais e culturais, ao longo dos anos, temos dois debates no Popol Bug.  No primeiro voltamos a ter connosco o anarquista coroado, Elagabal Aurelius Keiser, daqui a umas semanas o jornalista-crítico Vítor Belanciano.      A partir de um trecho fílmico do documentário Around the World With Orson Welles , do lettrisme e da poesia sonora, escolha da mulher escrevente deste podcast, lançamo-nos a um conjunto de assuntos que tem aumentado o volume e a tensão de nossas sensibilidades estéticas e pensantes.  O movimento preconizado pelo romeno Isidore Isou, ajuda-nos a traçar e estraçoar avenidas de compreensão marcadas pela criação de intervalos rítmicos e sónicos, por rimas, aliterações e paralelismos, por assincronias e anfibologias nas relações das imagens e dos son

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  O Imenso Comércio do Nada XIX Não era a voz que falava mas a mudez      Todos os repertórios de carga transgressora e provocadora têm as portas do tempo por vir franqueadas, nem vale a pena criar grandes tratados quanto a isto,  basta olhar para os que são hoje tidos como clássicos e fragmentos inalienáveis das tradições escritas, históricas e filosóficas no ocidente. Não somos nós que impomos um destino às artes das letras ou musicais, são elas que se tornam o nosso destino.  Nenhum provocador fogoso abanado no seu tempo terreno se transformou, até hoje, em fluxo contínuo, ao qual nos apeteça voltar para respirar melhor. Qualquer artista que se interrogue sobre o que anda por aqui a fazer, nos seus momentos mais íntimos ou mais perturbadores de reflexão, não deverá ignorar isto.  Com certeza que pode fingir que não o sentiu, toda a actualidade e toda a inactualidade estão feitas para escondermos o que somos, mas é impossível ignorá-lo por muito tempo. Nada pode ser extraordina

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 O Imenso Comércio do Nada XVII A ironia dos espelhos gastos Nos nossos caminhos artísticos encontramos três tempos complementares:  o tempo da ambiguidade, o tempo da metáfora das identidades, o tempo dos renovados discursos. Na música as palavras criam fobias, representações reais-ficcionais, despertam fantasmas, espoletam teorias falseadas.  No universo da canção literária de protesto mais mediático o extra-quotidiano, o extra-ordinário, o contrário das expectativas.      A criação artística está subordinada a uma coacção estrutural do universo jornalístico, e no domínio jornalístico reina, tal como no artístico, a incerteza e a precariedade; muitos críticos não são pagos, muitos cronistas de opinião são procurados nas universidades a custo zero em troca de visibilidade e angariação de capital cultural ou poder simbólico; a figura do jornalista crítico experiente e sénior é substituída lentamente pela do jornalista precário e do investigador não pago. A escassez de tempo e de

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  O Imenso Comércio do Nada XVI Arte de viver a Cantar Vocês pensam no fim do mundo, nós pensamos no fim do mês... Escrevemos, falamos, e criamos arte para que as ideias que achamos melhores não morram. O encontro com o diverso é custoso. Exprimir em palavras saberes das coisas que consideramos extremas e celestiais não é uma moral? E intuir que quem pensa de uma maneira diferente se não nos conduz à criação de enredos nebulosos, de uma moral e de uma ética, não pode intervir num debate ? Se os outros não possuem os códigos para compreender o nosso mundo, o mesmo é verdade para nós, não temos todos os códigos para uma compreensão de mundos e experiências bastante diferentes das nossas, pelo que o mais proveitoso será disponibilizarmo-nos e ler os sinais que nos amedrontam, tanto ou mais que os que, por instinto, regurgitamos. Todas as palavras ajuizam, não são por si togadas na existência humana? Se o ócio e a suspensão do tempo histórico são favoráveis à expressão do pensamento, são,