Conversas anartísticas e profundamente comprometidas com os estados dos espíritos
ou
Um espaço de crítica livre sobre os infortúnios da história cultural e das artes com Elagabal Aurelius Keiser e Soraia Simões de Andrade
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Gravado no início da semana, este episódio poderia começar assim: certas pessoas ilustradas falam abertamente do que pode levá-las a ser profundamente críticas no seu quotidiano e em todos os seus actos, mais e menos vistos, de todas aquelas criaturas num roda-roda-constante em torno do centro do umbigo, e que, ao longo da história, têm dado a mão ao palratório sobre si em torno de si.
Tomámos como ponto de partida o livro Shoot the Women First, traduzido e editado entre nós em 1998 pela extinta Fenda, livro que parte da compilação de várias entrevistas de Eileen MacDonald a mulheres de organizações armadas em lugares como Síria, Palestina, Irlanda, País Basco, Itália, Alemanha... No domínio da rebelião e da crítica do mundo envolvente os homens brancos burgueses não têm a exclusividade da violência. Embora só a segunda das estirpes humanas ocupe os escaparates analógicos e digitais envolta de um certo prestígio e justicialismo. Invariavelmente.
Vistas como intrusas num universo másculo, destruindo a ideia de fraqueza física arreigada no mundo bélico, em defesa das convicções mais profundas, sejam de natureza dita política, ou dita cultural, elas, as outras, as que raramente interessa que apareçam nas contagens e figurações, também são capazes de matar. E se Luigi Mangione fosse qualquer uma destas retratadas no livro de MacDonald? Se fosse pobre e imigrante? Toda a crítica mediática é feita do lugar do falo consternado. É, de facto, um gigantesco edifício discursivo, cheio de gambiarras natalinas, de métodos contra métodos, um academicismo contra academicista, ambos prenhes de glosas já ripadas, já pensadas, já riscadas; porém, murcho das experiências convocadas, reiterando repetidamente a lógica das coisas por via do mundo dos bens garantidos para sua subsistência e afirmação de uma superioridade.
O Imenso Comércio do Nada XXI Interessa mais mostrar ao que se vem que zombar ministrando quem já lá estava Vivemos numa altura de rebaixamento de todo o gestuário possuído de frenesim filantropo. Não muito distante de outras fases convulsivas da história; possivelmente muitas pessoas gostam de acreditar que estão a viver o seu próprio poema épico. Vejamos, estão na sua senzala imaginária erguida no interior de baldios ou assumidamente na casa-grande (não é aqui que está o demi-monde? Será o pàrvenú?) suprimem à história o que ela é: realidade, conquista, guerra, conflito, limpam do logradouro duas sublimações espetadas à entrada, Cuidado com a Cadela! e o fraseado do historiador britânico Eric Hobsbawn, qualquer coisa como: ‘o historiador é aquele que relembra à sociedade aquilo que ela procura esquecer’. Em alturas de insurgência artística, por exemplo, os incendiários parecem estar todos na casa-grande, varre-se dos pinhais a memória e começam a assenhorar-se do terreno...
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