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Sinziana Ravini
escreve este ensaio, "O narcisismo na arte contemporânea", bastante interessante, porém...não acham que andamos todos muito preocupados com o narcisismo, quando é o modo cultural do capitalismo, o tal de individualismo competitivo, que se devia discutir? Há alguém que apareça nas redes ditas sociais, e nos lugares tacteáveis da dita "cultura", que não tenha tais características? Estão a reverter para a patologia um dado que pertence mais ao social e ao cultural e assim nos demarcamos do busílis, que seria fazer a crítica social da dita "cultura"...Narcisos são, em abono da realidade, todos, foi a cultura em que cresceram de autopromoção, a cultura do facebook, das redes, das escolas, das barricadas que são melhores e mais especiais que as dos outros quando a ocupação implica hoje, cada vez mais, expulsar quem já lá estava (usar, depois aniquilar o atrito para, assim, ser visto), dos melhores alunos, dos doutores, dos activistas ocasionais, dos virtuosos especialíssimos, dos mais altruístas, dos que andam sempre com a fita métrica a medir toscamente o mundo aos mundos desconhecidos, a escalpelizar (verbo terrível) os cadáveres protelados (se ainda fosse os próprios alguma coragem sobressairia), a inspeccionar o carácter comercial das relações sociais e humanas, dos que nunca se assumem objectos mas apenas sujeitos, dos que tomados por paixões negativas reivindicam serem menos merecedoras de destaque e atenções as outras pessoas, consoante sopra o vento da vaidade e da lamúria, dos que crêem tanto nas suas aptidões que perante uma plateia a têm como ingénua e deslumbrada pois não querendo, ou admitindo, sair de si não ponderam sequer serem o maior alvo do escárnio que tão prolixamente distribuem, resumindo muito resumido.
Continua a faltar o fundamental, autocrítica. Nesta overdose hipócrita e ininterrupta de estímulos, o volume dos outros é sempre muito mais incómodo que o nosso pese embora a realimentação; há que preparar a fuga aos galos e às galinhas, amigos. Contai comigo, dizia o outro, mas não para isto...para o resto.
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