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A mostrar mensagens de março, 2025

Outra Míngua

Outra Míngua  texto de Soraia Simões de Andrade  desenho de Elagabal Aurelius Keiser  paginação de Fernando Ramalho capa de Alexandre Nobre  pp.88 colecção ثريا AH! 2025  «Elas desfilavam as mãos e possuíam as carnes como se o mundo acabasse; abriam as palmas deixando uma folga entre os indicadores. Tinham as fossas nasais iguais às dos cirros; arrancavam as penas do forro das almofadas e com elas escreviam peças. Tinham mãos granadeiras, viris como qualquer herói decadente da segunda grande guerra, aptas a espetar um prego de caverna na madeira do bosque com a mesma delicadeza da enfermeira que as vestirá antes do enterro depois de lavar os pés à pecaminosa com sal marinho e biocidas, por saber que o céu nunca lhe perdoaria.» (p.20)  ____ Pedidos: muralsonoro.info@gmail.com  encomendas@tigrepapel.pt https://www.muralsonoro.com/edicoesah/outra-mngua Distribuição da Livraria Tigre de Papel 

Fragmentos

Recado digital: vizinho, vizinha, quem quer que sejas, vamos beber um café com cheirinho? Pagas tu. Ouvi há pouco o meu irmão dizer que os marcadores de rua estão caros, mesmo os de candonga e não da Crack Kids, donde para a minha bica-boca terás uns minutos e trocos. Há pelo menos uma desconhecida que se declara interessada em conhecer-te; tens auxiliado, e não dinamitado à semelhança da maioria dos rabiscos dolentes por estes muros, o meu último ano de caminhadas pela capital dos micro-impérios.  Mas, sabes, o drama é que nada de muito significativo já se consegue guardar. Metade da gente que por aqui passa é entretida pelos média, tudo se esquece e tudo se aceita depois de uma lavagem cerebral-cosmopolitan-protoenGAJAda. Bem que escreveu a MY que o passado era coisa infinitamente mais estável que o presente. Estes anos não são muito diferentes doutros, é o velhinho zarolho de sempre que regressa: limpa tudo o que é incómodo para tingir sua brancura virtual, cria um grupo de co...

Fragmentos

  ((Rememorar numa breve nota Despentes))     A ditadura da socialização pretende que atrasemos os compassos, outras vezes eliminemos, o que vivemos na carne. Uma revolução, o que tinham em mente estas vagas feministas , e não um reajustamento a estratégias de marqueteiros, medrosos, parasitos. Não se resolve no número, nos mapas, nos adventos. É, até, um dos tiques mais habituais quando alguém aponta criticamente a nudez no reinado, os reis despidos começarem a disparar um número crescente de pessoas x e y, para, assim, provar  a patetice do argumento e desviá-lo para um debate com véus, ou seja um quase-debate. Estão aqui a ver? Vejam, vejam. Que não há só gaivotas na terra quando alguém se põe a delirar para evitar um confronto. Que sabem as pessoas sobre nós? Aquilo que apresentamos (e como) a cada uma diz respeito. Sabe-se pouco, ou nada, das reservas de cada alma. E, se ela, a altura do mundo, nos for desprezível, até podemos reinventar-nos e desejar o ano...