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Fragmentos

  O Imenso Comércio do Nada XXI Interessa mais mostrar ao que se vem que zombar ministrando quem já lá estava Vivemos numa altura de rebaixamento de todo o gestuário possuído de frenesim filantropo. Não muito distante de outras fases convulsivas da história; possivelmente muitas pessoas gostam de acreditar que estão a viver o seu próprio poema épico. Vejamos, estão na sua senzala imaginária erguida no interior de baldios ou assumidamente na casa-grande (não é aqui que está o demi-monde? Será o pàrvenú?) suprimem à história o que ela é: realidade, conquista, guerra, conflito, limpam do logradouro duas sublimações espetadas à entrada, Cuidado com a Cadela! e o fraseado do  historiador britânico Eric Hobsbawn, qualquer coisa como: ‘o historiador é aquele que relembra à sociedade aquilo que ela procura esquecer’. Em alturas de insurgência artística, por exemplo, os incendiários parecem estar todos na casa-grande, varre-se dos pinhais a memória e começam a assenhorar-se do terreno alheio.

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 Já podem ser lidos  os primeiros seis Cadernos AH! de 2024, do 13 ao 18, bastando, para isso, seguir o link e clicar em cada uma das imagens                                                           

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O Imenso Comércio do Nada XX   É preciso esquecer para que tudo volte como novo Há momentos em que apetece deitar fora todos os fonogramas recentes com extensas durações de notas musicais para fazer o que uma só faria, ou, meramente, não deixar vir, eliminar antes que se entranhem, como apaguei há duas décadas o açúcar branco e a carne.  Por vezes parecem tentativas preocupadas apenas em manter os becos sem saída de outros, uma obstinação do tradicionalismo; uma tradição que se gozou de vanguardismo foi por não ter pretensões e não almejar ser canonizada. Uma tradição cuja face mais visível até podemos transferir para o presente sem nenhuma demanda extraordinária estilando-a por aí e cantando ao céu, ao sol, à chuva, ‘aqui estou eu fora do resto’. Camaradas, não estamos fora do resto se tudo hoje forem restos de restos de outros momentos e de outros gestos.  Quem passou por um conservatório fora da capital, nos anos oitenta e noventa do século passado, viu-o suspenso no tempo anterior

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  EPISÓDIO 6 - POPOL BUG  O que pode o jornalismo cultural? Conversas anartísticas sem guião  com Bruno Peixe Dias, Soraia Simões de Andrade e Vitor Belanciano Ouvir aqui      Como reanimado no episódio anterior pela moça escrevente deste podcast, escorrendo diante de quem nos ouve tautologias nietzschianas que há muito a acompanham; se há, porventura, uma verdade mais líquida que as outras, a de que a vontade sustém uma orientação para o poder, parece ainda evidente.  Prefigura-se na imagem ora eidética do universo artístico ora como uma captura momentânea de um pequeno lago transparente à procura de não se afundar nas massas pouco líquidas que cercam o fundo dos mares mais poluídos. O paroquialismo da  televisão nos anos do fascismo, uma certa vertente pedagógico-propagandística da caixinha qualificada de 'mágica', fabricante das ilusões e soluções para quem a assistiu desde o primeiro momento e acompanhou a sua  transição: dos jogos espelhados de uma cultura a preto-branco

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EPISÓDIO 5 - POPOL BUG As contradições da criação, nós e os outros, nós nos outros Ouvir aqui      Não para assinalar a efeméride e o seu quinquagésimo aniversário, já que procuramos cumpri-la, apesar de todas as dificuldades sociais e culturais, ao longo dos anos, temos dois debates no Popol Bug.  No primeiro voltamos a ter connosco o anarquista coroado, Elagabal Aurelius Keiser, daqui a umas semanas o jornalista-crítico Vítor Belanciano.      A partir de um trecho fílmico do documentário Around the World With Orson Welles , do lettrisme e da poesia sonora, escolha da mulher escrevente deste podcast, lançamo-nos a um conjunto de assuntos que tem aumentado o volume e a tensão de nossas sensibilidades estéticas e pensantes.  O movimento preconizado pelo romeno Isidore Isou, ajuda-nos a traçar e estraçoar avenidas de compreensão marcadas pela criação de intervalos rítmicos e sónicos, por rimas, aliterações e paralelismos, por assincronias e anfibologias nas relações das imagens e dos son

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  O Imenso Comércio do Nada XIX Não era a voz que falava mas a mudez      Todos os repertórios de carga transgressora e provocadora têm as portas do tempo por vir franqueadas, nem vale a pena criar grandes tratados quanto a isto,  basta olhar para os que são hoje tidos como clássicos e fragmentos inalienáveis das tradições escritas, históricas e filosóficas no ocidente. Não somos nós que impomos um destino às artes das letras ou musicais, são elas que se tornam o nosso destino.  Nenhum provocador fogoso abanado no seu tempo terreno se transformou, até hoje, em fluxo contínuo, ao qual nos apeteça voltar para respirar melhor. Qualquer artista que se interrogue sobre o que anda por aqui a fazer, nos seus momentos mais íntimos ou mais perturbadores de reflexão, não deverá ignorar isto.  Com certeza que pode fingir que não o sentiu, toda a actualidade e toda a inactualidade estão feitas para escondermos o que somos, mas é impossível ignorá-lo por muito tempo. Nada pode ser extraordina