cílio esgar
Antes ficava-se com a pobreza estampada no sobrolho.
Hoje apaga-se do olhar do mundo sem esforço.
Olhos de febre
acertam os tons
de contínuos sonhos
na ponta da pinça.
Aparando violentas lamúrias,
últimas transparências num olhar
sem rosto, nem solo, gota de lama.
Havia nela permanência
vestidinho sempre engomado
submundo recatado pela idade
movimentos de reverência.
Labor negado às regras,
ao sabor da frialdade genética,
e o peso das botas de aço
desunhava a esterilidade.
Vincava o espaço entre a raiz da língua
e traqueia pelo gargalo desfasado
de uma garrafa vazia de pura seiva.
Miserável era o exterior,
paredes desonradas
atafulhadas de tinta a rugir
míngua, indigência, sorte.
Se todas as goelas
abrissem como uma aba velha,
molhava nelas o bico.
Abria-se ao recomeço.
Qualquer cercania era alfobre
inseparável de confiança e ganância.
Comentários
Enviar um comentário
nome