língua de chegada
A língua, tal como os outros órgãos,
nasceu permeável ao rebuliço do mundo.
Quando cresceu tomou corpo de alguém
que nasceu quando a guerra chegou ao fim
e dedos ancianos vividos vencidos por tristezas
violaram todos os preceitos do mundo.
À noite recolhia-se
onde houvesse milagreiros dispostos a absorver o calor.
Depois disso aquele corpo
tinha modificado o seu horizonte para sempre.
E verter lembranças era saber de si
além da criação, além do tempo.
in Saliva, edição Mariposa Azual, Julho 2022.
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