Lá vai elaaa
abrir e cavar a terra...
Andando pelo asfalto
onde se fabricam novos encartes:
folhas unguladas,
para sulcar os últimos livros
de cabeceira.
Ou to no.
Como explicar aos bobos que
ao mitigarmos o medo da morte
nadamos
entre trovões e disputas?
Como explicar aos bobos que
voamos
longe de pistas
deixadas ao destino.
Sem jaulas, nem gaiolas.
Livres.
Como explicar à manha que
ao abrandarmos da turba
onde nos fizeram gente
pouco robusta
ficaremos entregues
às fraquezas
improfícuas.
Lá vai elaaa
abrir e cavar a terra...
Entregamos a verdade
à vida, incerta, como ela é:
uma borda
revirada
pelas lembranças.
E se sairmos do nosso corpo,
nos afastarmos,
se nos dividirmos for possibilidade,
absoluta,
esperamos estar habilitadas:
cotejar avejões,
fés obscuras, espíritas,
fatuidades
destes corpos belos
emersos na sua
na nossa
para outra
história.
poema, interpretação, arranjos: Soraia Simões de Andrade
composição musical, arranjos: João Diogo Zagalo
mistura: Fernando Ramalho, masterização: Gonçalo Zagalo
vídeo: Elagabal Aurelius Keiser e Soraia Simões de Andrade
sombra: Afonso Miguel Guerreiro
© 2022 Dez, edição AH!
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