O Imenso Comércio do Nada IX
Ninguém que ponha sobre si o foco de luz quer perder muito tempo a pensar como o machismo é praticado por todos, sejam os géneros mais ou menos desviantes; actua de modo autónomo à classe, e actua concomitantemente com os atributos dela para nos calar.
Fantasiar experiências, tanto as pessoais como as alheias, terá como fim a cristalização dos hábitos, reformando unicamente formazinhas de dizer as mesmas coisas. A maneira de alterar uma estirpe, passaria por destruir a raiz das coisas da dita cultura, construir uma sociedade de artistas anónimas que rebentasse com tudo. A exterioridade, mais que longe do sagrado, é o princípio do nosso auto-maravilhamento e da vertigem. Conscientemente, ou não, estaremos a contribuir para reforçar os mecanismos de aceitação e obediência de sociedades que apodrecem enquanto velam a realidade soterrando-a em analogias dos seus defeitos, efeitos, preconceitos. E disto ninguém, nem eu, se deveria excluir. Há todo um trabalhinho que o pós-modernismo refez difícil de travar...
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