(((Alla breve)))
Na manhã secreta, o hálito ia fresco e a audição aumentada, o bebé do vizinho de cima era já criança bem educada pelos loucos bonecos desanimados. Uma criança instruída para nos dizer que franca só a realidade sem ter experimentado o horror para lá do ecrã, nem o ter apreendido de Sartre. A visão distante era suportada com estoicismo pelo estômago que admirava a excelência de um bom prato, de uma boa casa, numa boa geometria.
Na noite passada a criança era um adolescente, foi quando deixámos de intuir no plural; percebi que havia uma possibilidade para tais grunhidos, a de que ela sempre se tenha interessado pela entrega a esta profissão algo militarista num ambiente hostil e varonil, as sobrancelhas revoltas e a falta de graça natural, os olhos sem brilho, o desânimo recortado num sorriso a ferros que o pano e o buço à volta de lábios quase inexistentes ludibriam.
Hoje, pela tarde, o adolescente é adulto. A vida dele não mora nas ideias, nem nas hipálages, não está nas palavras, habita precariamente no impulso, e, mesmo na balbúrdia ao redor de si, não se confunde com nada.
Agora que o assisto na estação do Estado, que acompanho as suas digressões pela virtude vazia, nas suas intenções postiças, penso nos gestos de sofá ensaiados durante anos frente aos bonecos desanimados, penso no choro constante do bebé, na cicatriz do queixo do vizinho que tropeçara no berço para preservar os ouvidos quase asfixiando a cria. Na maneira de me confidenciar, num desses dias cansativos, ter vindo ao mundo tremendamente revoltado por não o poder ter. A figura ideológica vigorexica e agressiva tornara-se um dos seus mais lancinantes desejos e suplícios. Estava tudo lá, na grandiosidade do bebé, na criança que não aceita menos que o rasgado panegírico, no adolescente rejeitado pelas musas, e agora no homem. Penso nas cartas que não deram flores, nos aforismos que nasceram com uma inclinação para a gaveta, no veludo daquela mãe tardia que invejava as outras mulheres porque também ela, à falta de melhor, era um daqueles homens.
Na noite passada a criança era um adolescente, foi quando deixámos de intuir no plural; percebi que havia uma possibilidade para tais grunhidos, a de que ela sempre se tenha interessado pela entrega a esta profissão algo militarista num ambiente hostil e varonil, as sobrancelhas revoltas e a falta de graça natural, os olhos sem brilho, o desânimo recortado num sorriso a ferros que o pano e o buço à volta de lábios quase inexistentes ludibriam.
Hoje, pela tarde, o adolescente é adulto. A vida dele não mora nas ideias, nem nas hipálages, não está nas palavras, habita precariamente no impulso, e, mesmo na balbúrdia ao redor de si, não se confunde com nada.
Agora que o assisto na estação do Estado, que acompanho as suas digressões pela virtude vazia, nas suas intenções postiças, penso nos gestos de sofá ensaiados durante anos frente aos bonecos desanimados, penso no choro constante do bebé, na cicatriz do queixo do vizinho que tropeçara no berço para preservar os ouvidos quase asfixiando a cria. Na maneira de me confidenciar, num desses dias cansativos, ter vindo ao mundo tremendamente revoltado por não o poder ter. A figura ideológica vigorexica e agressiva tornara-se um dos seus mais lancinantes desejos e suplícios. Estava tudo lá, na grandiosidade do bebé, na criança que não aceita menos que o rasgado panegírico, no adolescente rejeitado pelas musas, e agora no homem. Penso nas cartas que não deram flores, nos aforismos que nasceram com uma inclinação para a gaveta, no veludo daquela mãe tardia que invejava as outras mulheres porque também ela, à falta de melhor, era um daqueles homens.
A retórica mais pobre é aquela em que a condição das pessoas é relativamente mais afastada.
#variação1
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